Nesta quarta-feira (2), a Huawei apresentou formalmente o HarmonyOS, o sistema que embarcará vários dispositivos do seu ecossistema. Construído para substituir o Android e aprimorar a experiência do consumidor de produtos da marca, o SO foca em escalabilidade, integração facilitada e intuividade.
O HarmonyOS é quase como a “cola” que une vários produtos e frentes da Huawei no mercado de eletrônicos — TV, eletrodomésticos, notebook, tablet e, claro, celulares. O sistema colocará o ecossistema na ponta do dedo, esbanjando forte sincronia com outros dispositivos da companhia através de um sistema de “arrasta e solta” para parear aparelhos inteligentes.
HarmonyOS no celular
A solução da Huawei já podia ser experimentada em dispositivos compatíveis, mas uma atualização com a versão final deve alcançar mais dispositivos compatíveis e tomar de vez o lugar da EMUI. A gigante não tenta reinventar a roda com a interface do sistema, por isso dá para encontrar familiaridades com Android, MIUI e até mesmo com o iOS.
O grande destaque do HarmonyOS, por sua vez, estaria na otimização do sistema e na forma com que o usuário pode interagir com outros aparelhos da casa pelo sistema “arrasta e solta”. Numa interface organizada em balões, o usuário pode ligar o celular a um notebook, televisão ou fone de ouvido, por exemplo, para habilitar funções extras rapidamente.
Visualmente, o sistema não vai muito longe dos concorrentes (Imagem: Divulgação/Huawei) |
Pouco foi falado sobre como o sistema atua nos bastidores ou como irá atrair desenvolvedores a criar aplicativos para aparelhos compatíveis. Contudo, a apresentação demostra que há grande foco em atuar de forma ampla nas principais utilidades de um smartphone atual, como o consumo de conteúdo multimídia, compras online e ser, de fato, um companheiro para o dia a dia — dentro ou fora de casa.
(Imagem: Divulgação/Huawei) |
Um recurso visual que chamou a atenção nessa primeira apresentação foram os widgets — no HarmonyOS, tão inteligentes e naturais quanto os do iOS. Os complementos de aplicativos são mais livres na tela principal, combinando quase perfeitamente com o design do SO — aspecto que o Google corre para solucionar no Android 12.
Superdispositivos
Lembra do “Seu Telefone” do Windows 10? Existe uma solução mais parruda no HarmonyOS. A Huawei introduziu o conceito de “Superdispositivos” ao ecossistema, em que vários aparelhos podem se comunicar e compartilhar suas funções com facilidade.
Assim como o aplicativo do Windows 10, usuários poderiam controlar o celular a partir do computador, mas tablets também entram na jogada: quando embarcados pelo HarmonyOS, serão capazes de transmitir a tela do celular de forma semelhante.
(Imagem: Divulgação/Huawei) |
A Huawei demonstrou um sistema de “telas conectadas” capaz de transferir conteúdo com gestos baseados na localização. Você está ao lado do notebook com o seu tablet e você quer levar uma imagem que está no seu display para o aparelho vizinho? Basta “balançar” para replicar o conteúdo.
Usuários com notebook, tablet e celular em um mesmo ambiente poderiam compartilhar o conteúdo de um desses dispositivos para todos os outros através de gestos, livres daquelas telas de “compartilhamento por proximidade” que intermediam a conexão nos sistemas operacionais concorrentes.
A função também se aplica a smart TVs e monitores, especialmente aqueles desenvolvidos pela própria Huawei. O espectador pode utilizar o celular e espelhar a imagem da tela na televisão rapidamente ou usar o celular como canal de comunicação entre o áudio que sai da TV e fones de ouvido sem fio. Além disso, também é possível transferir uma videoconferência para o display maior para ter uma imagem ampliada da chamada com facilidade
Tais recursos não são inéditos no mercado, mas a Huawei aposta no seu toque pessoal para torná-los mais atrativos no HarmonyOS. A interface intuitiva e a sincronização “invisível” podem proporcionar uma experiência geral mais agradável e convidativa.
HarmonyOS Connect
A conexão por proximidade também é de grande importância no HarmonyOS. Devido a ampla distribuição do sistema em dispositivos da marca, o usuário poderá conectar o celular a eletrodomésticos compatíveis e interagir com eles a partir da tela do portátil.
(Imagem: Divulgação/Huawei) |
Entretanto, essa ferramenta também explora as possibilidades. Quando o consumidor estabelece a conexão com um forno elétrico, por exemplo, além de fornecer os controles do eletrônico a partir do celular, o HarmonyOS também apresentará receitas e dicas de cozinha.
Uma geladeira, por sua vez, também poderia informar quais temperaturas escolher para armazenar certos alimentos. A ideia neste recurso é proporcionar facilidades para a rotina e estabelecer o celular como centro de controle de uma casa, somando à conectividade dele as capacidades de dispositivos inteligentes.
Segurança
Tamanha facilidade para conectar um aparelho ao outro também cria desconfianças quanto a segurança, contudo a Huawei também se atentou a esse ponto. Para garantir a segurança dos usuários, a companhia afirma que a conexão rápida com dispositivos inteligentes só é possível após uma série de autenticações.
Ademais, o acesso a câmera, microfone e localização, por exemplo, não são disponibilizadas para os demais aparelhos, protegendo o usuário de eventuais invasões. Nos bastidores, a gigante chinesa acrescentou que certificações de segurança internacionais são a base do seu sistema, portanto, os usuários não precisam se preocupar (tanto) para evitar ameaças digitais.
É mais rápido que a MIUI?
Desempenho, segundo a Huawei, sempre foi o foco da companhia com o seu novo sistema. Na apresentação, a companhia foi breve ao explicar como o sistema muda em relação a EMUI (baseada no Android) e o que as novidades introduzem em performance. Segundo a companhia, o HarmonyOS foi otimizado desde sua base, o Kernel, para garantir uma experiência fluida mesmo em dispositivos mais antigos.
À esquerda, o método de gravação fragmentado e, à direita, o método do HarmonyOS (Imagem: Divulgação/Huawei) |
Uma das soluções encontradas pela companhia é retrabalhar como o dispositivo escreve e lê dados do armazenamento interno. O que antes poderia acabar em um enorme emaranhado de informações desencontradas e que davam trabalho extra para o processador, se tornou linear, mais organizado e, consequentemente, mais rápido.
Tal característica deve minimizar o impacto em desempenho proporcionado pelo armazenamento quase lotado do celular, por exemplo, permitindo que a exclusão de arquivos e as operações da memória sejam mais eficientes. Na prática, o celular mais antigo não deve encarar tanta lentidão quanto as soluções alternativas.
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